quinta-feira, 30 de julho de 2009

O mais belo e cruel fascínio.

Quando alguém me pergunta o que quero fazer no futuro, a resposta é imediata: "Algo relacionado a desenho". É meio repentino, por reflexo, puro impulso. Estive ligada a traços, linhas, formas e cores desde que me conheço por gente; é um laço que eu mesma fiz questão – embora muito provavelmente sem consciência plena – de construir.

O ato de desenhar, para mim, faz parte de meu ser. O fascínio pela arte está no sangue que corre em minhas veias, nos pensamentos que colidem em minha mente, no coração que pulsa ansioso com vontade de se expressar. Nunca fui boa com palavras; o medo de dizer algo "errado" e por ventura não conseguir mostrar o que sinto sempre me atormentou.

Mas por maior que seja meu amor pela arte, pelo desenho, acredito que jamais conseguirei me chamar artista.

Nunca gostei de meus traços, sempre os achei grossos e sem o mínimo de fineza, mas não é por isso não. Porque arte não está simplesmente na estética. Estética é algo extremamente pessoal, íntimo e, em minha opinião, superficial. É claro que é necessário dar importância à estética. Só que arte não se restringe a isso.

Arte é tudo sobre sentimentos. É tudo sobre conteúdo. São os pensamentos do artista expressos em telas, objetos, paredes, folhas de papel. É o mundo do artista aberto para o mundo ver. É o agradecimento do artista para o mundo que tanto o inspira e incita, sempre tão belo, tão fascinante, tão maravilhoso.

Meus desenhos não têm isso.

Quando olho para eles, não sinto nada. É como se fossem vazios, simples e inteiramente vazios. E então me pergunto, "O que eu queria transmitir com isso? Por que desenhei isso?". E quando não encontro resposta, o que acontece na maior parte das vezes, o vazio que preenche meu corpo é tão grande, tão pesado e denso que me deixa completamente frustrada. Tão intensa e totalmente frustrada que me sinto inclinada a parar de desenhar. Ou tentar desenhar.

É nessas horas também, que a insegurança bate. "Por que estou tão resoluta a trabalhar com desenho se não sei ao menos desenhar?". A pergunta dança em minha mente, e o medo de não conseguir me envolve. É verdade que meu amor pela arte é maior que praticamente tudo em minha vida, e viver para a arte sempre foi um de meus maiores sonhos, mas. ...Mas e se eu não tiver vocação, depois de tudo?

Vejo trabalhos como esses e sinto vontade de chorar, de tão belos que são. A criatividade é tanta, e o sentimento é tal que contagia, faz a gente ter vontade de desenhar também.

Mas eu, eu não desenho. Não me atreverei a tentar. Não agora, pelo menos.