quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Engraçado como as coisas mudam.

Ano passado, nessa mesma época, você e eu estávamos ansiosos, esperando por um resultado que acabou vindo para nós. Talvez não do modo como estivéssemos esperando, mas ao qual demos as maiores boas vindas; um peso a menos em nossas costas, uma conquista a mais para nossas histórias.

Ano passado, nessa mesma época, eu me virava para você com o mais sincero dos sorrisos e a maior das espontaneidades, porque sabia que você era meu parceiro de guerra. Tinha a inocente e tão equivocada certeza de que continuaríamos do mesmo jeito; eu e você, você e eu, e o mundo.

Nesse ano, nessa época, não consigo mais te sentir por perto. É como se tudo aquilo, todos aqueles anos tão importantes que passamos juntos tivessem sido guardados dentro de uma caixinha de música e trancados com uma pequena chave. Chave esta que ainda possuo, mas a qual finjo inutilmente ter perdido.

É difícil aguentar e deixar de lado a chave e a caixinha. Mas sei que será mais difícil ainda "encontrar" essa chave, abrir a caixinha e "reencontrar" tudo o que nela está guardado. Tenho medo de abri-la e acabar deixando escapar todos aqueles momentos, todos aquele tesouros, que agora não passam de memórias.

Esse ano, essa época, está sendo diferente, talvez pela primeira vez em mais de uma década, para mim e para você. Isso mais do que prova que tudo mudou, não é? Uma pequena, mas concreta prova de que tudo mudou. E, apesar de pesada e triste e dolorosa (pelo menos para mim, porque não consigo mais sentir meus sentimentos em sintonia com os seus, e assim não sei mais o que você está pensando), é delicada e singela. A tristeza e a dor são quentinhas, são doces. São coisas com que temos que conviver.

Engraçado como as coisas mudam.

Até alguns meses atrás, eu estava entrando em desespero, tentando fazer as coisas voltarem ao normal, resistindo com garras e dentes a essa dor e a esse peso e a essa tristeza, e mergulhando cada vez mais fundo num mar de angústia do qual queria sair. Mas quando desisti e me deixei levar pelas ondas, a dor e o peso e a tristeza passaram a simplesmente fazer parte do dia-a-dia, e hoje chegam até a me consolar.

Engraçado como as coisas mudam.

Ainda esse ano, talvez eu consiga me desapegar desse consolo, torná-lo memória e guardá-lo na caixinha também.

Para nunca mais abrir.



Para nunca mais abrir.