domingo, 13 de março de 2011

Na manhã seguinte, tudo parecia mentira. Um pesadelo, simples sonho. Mentira.

Acordou ao som de seus pais discutindo algum assunto trivial que sua mente não conseguiu processar. Ao abrir os olhos, estava em seu quarto, deitada sob cobertores aconchegantes e sobre um travesseiro macio. Sorriu. E teve a impressão de que era tudo mentira.

Ouviu o som da televisão.

Pulou da cama, correu para a sala e, com horror, compreendeu: era verdade, tudo verdade. O telejornal ainda cobria o incidente sem pausas; mostrava o que havia ocorrido e informava o que ainda estava previsto para ocorrer. Anunciava número de óbitos, número de desaparecidos, a magnitude do estrago, e o mundo dentro dela parecia quebrar. A tranquilidade momentânea que sentira no dia anterior, ao conseguir contactar seus familiares e amigos e confirmar sua segurança, dissipou-se por completo e deu lugar à preocupação novamente. Os choques secundários em certas partes do pequeno país estavam previstos para ter pelo menos sete graus, e ela só podia ficar ali, vendo o desastre e rezando para que todos ficassem bem.


Havia pessoas demais, pessoas queridas demais, ali.



E ela, do outro lado do mundo, nada podia fazer para ajudar.


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Por favor, ajude se puder.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Foi súbito.

Até dias atrás estava tensa, chorando por qualquer coisa, desligada do mundo à sua volta e centrada em um objetivo apenas. Um objetivo que parecia tão longe, tão inatingível, tão incompatível com sua realidade - um sonho.

Mas aí aconteceu; de uma hora para a outra, estava num mundo completamente diferente - estranho, novo, intimidador. As informações ainda não pareciam ter sido completamente processadas para fazê-la entender que sim, ela havia conseguido. Estava no lugar em que mais ansiara estar nos últimos dois ou três anos, mas passou aquela primeira semana como se estivesse em um sonho. Talvez ainda não quisesse ficar frente a frente com sua nova realidade. Talvez ainda não estivesse pronta para encarar sua nova realidade.

Estava com medo de acordar.

Mas acordou. Acordou e, ao abrir os olhos, viu-se em um mar de textos e imagens e mais outras tantas linguagens, mergulhando cada vez mais fundo na verdade que parecia ilusão.

Sorriu. Teria, dali em diante, pelo menos quatro anos para aproveitar seu novo sonho.