terça-feira, 22 de junho de 2010

Cortei o cabelo.

Foi talvez mais uma tentativa de mudança; uma outra tentativa frustrada de mudança.
Não senti nada de diferente em mim, mesmo depois de me livrar do peso das mechas longas que me acompanharam pelos últimos seis meses.Nada mudou; nada, nada, tudo não passou de mais uma tentativa frustrada de mudança.
Mas isso não impediu o sorriso bobo que se formou em meus lábios ao ver as montanhas negras no chão.

sábado, 12 de junho de 2010

Bloqueio.

"Pense simples".

Simples. Pensar simples. Pensar em coisas simples. Coisas simples. Algo simples. Algo que... que possa causar impacto e ser delineado, ser definido com duas cores, algo como, como...

... Uma maçã. Uma maçã causa impacto? É, acho que não. Mas, mas e se fosse uma maçã mordida? E se essa maçã mordida representasse o mundo? E se essa maçã fosse a natureza, e a mordida, a destruição do homem? Aí causaria impacto. Impacto. Impacto ambiental? Como representar impactos ambientais? Como representar os impactos ambientais na maçã em duas cores? Duas cores, maçã de duas cores. E o fundo!? Também preciso de uma cor para o fundo. Mas aí não vão mais ser duas cores. Por que só duas cores, meu Deus, por que não posso usar três? Sim, com três cores já dá para fazer mais, muito mais. Mas duas? Só duas? Sim, é verdade, harmonias complementares se fazem com duas cores, mas, mas..!

Simples. Coisas simples, pense em coisas simples.

Ei, e que tal uma folha? Não daquelas de papel, não, uma folha folha mesmo, e daquelas bem verdes. Seria verde, uma cor só, e o fundo seria a sua complementar. Qual a complementar do verde, mesmo? Magenta? É, acho que era magenta, sim.

...Folha causa impacto?

Ah, mas e se tivesse algo fincado na folha, como, como um caco de vidro, por exemplo? Aí, eu estaria representando os impactos ambientais, e ficaria claro que era isso o que eu queria criticar.

... Mas aí, não daria mais para fazer em duas cores. Ora, e por que DUAS cores?

Complementar, harmonia complementar. Sim, essa é a proposta do trabalho. Claro, a proposta do trabalho! Qual era a proposta do trabalho, mesmo?

"Fazer uma criação utilizando o recurso da harmonia complementar."


Harmonia complementar, harmonia complementar... Duas cores, coisas simples, algo que possa ser definido simplesmente com duas cores. Deve ter algo, tem que haver algo, vamos, pense, pense...!

...Mas, mas duas cores?

Vamos, vamos lá, deve existir algo...Pense mais um pouco, só mais um pouco...

Pense simples.

...Simples, é?

Simples, simples, pensar simples...

...

....

Mas, ei, afinal, como se pensa simples?



(・・・オチがなゆす。\(*^Q^*)ノ)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

É uma sensação estranha

a de ficar sozinha em casa. Mesmo com a música tocando no rádio, o silêncio impera. Mesmo com as luzes do quarto e da cozinha acesas, a escuridão reina. Mesmo com todas as janelas fechadas, o frio predomina.

É uma sensação estranha a de estar sozinha em casa.

A tranquilidade é tanta que atrapalha o sono, não o deixa vir em paz. A quietude é tanta que desconcerta, apesar de ser o que mais precisamos e desejamos às vezes. A liberdade é tamanha que reprime, e nada tenho vontade de fazer. Sensação estranha, esta de estar sozinha em casa.

Por vezes volto meu olhar para a porta, como se houvesse alguém ali. Por vezes ouço o som da TV ligada no canal de esportes, o som das teclas do teclado e de forró, o som de papéis de dobradura sendo carinhosa e delicadamente cortados. Por vezes sinto o cheiro doce do perfume francês(fabricado em Londres e comprado em Barcelona.), o cheiro da comida quente e deliciosa sendo preparada, o cheiro do cansaço e da satisfação de ter completado mais um dia cheio de trabalho.

Mas não há nada.

Nem TVs ligadas no canal de esportes, nem teclados nem forró, nem perfume francês, nem comida quente, nem papéis de dobradura. Apenas eu; eu e meu rádio e a luz do meu quarto. Apenas eu.

Sensação estranha, esta de estar sozinha.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

E ela via aqueles sorrisos, ouvia as histórias, sorria enquanto tentava imaginar as situações que lhe eram contadas. Mas era difícil, eram situações desconhecidas, mundos diferentes, realidades estranhas para aquela cujo tempo parara. Ela se esforçava, mas seu esforço parecia vão: as pessoas que comentavam animadas sobre suas novidades(um dia tão próximas dela, vivendo a mesma realidade que ela. Bons tempos aqueles; que saudade, que saudade...) haviam mudado demais, crescido demais. Falavam sobre os caminhos que haviam aberto - elas mesmas! - e que no momento trilhavam, com termos que ela sequer ouvira falar e palavras e lugares restritos àquele mundo, o mundo delas, do qual ela não fazia parte. E ela sorria, orgulhosa das amigas e contente em vê-las tão bem depois de tanto tempo, em vê-las felizes com as escolhas que haviam feito e com as realidades que haviam criado e na qual viviam, realidades das quais ela não fazia parte porque ela não tinha aberto a porta que elas abriram.

...Ah.

Que medo.

Ela também tinha que abrir a porta um dia, logo, muito em breve, mas...mas que medo. Que medo de ela tentar e a porta estar fechada de novo, trancada, selada e sem jeito ou previsão para abrir. Que medo de tentar a sorte, de tentar dar um passo à diante - o passo que as pessoas da realidade estranha haviam dado - e não conseguir. Que medo de tropeçar antes de terminar de dar o passo e cair, cair e se machucar e acabar desistindo. Que medo.

Mas ela fechou os olhos, guardou o medo e a aflição numa caixinha(para quando ela estivesse só em seu quarto fitando o teto no breu antes de dormir) e seguiu admirando os sorrisos, ouvindo as histórias e sorrindo de volta enquanto tentava imaginar as situações que lhe eram propostas, situações tão misteriosas e inimagináveis para ela.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Esdou Gribada.( <-Unrelated)

Tosse.

Suave, esporádica. Resfriado?

Tosse, tosse.

Seca; tempo seco, explicável.

"Logo passa."


Tosse, tosse, tosse.

Contínua, insistente, irritante. Estorvo.

"Ainda não passou?"


Tosse tosse tosse tosse.
Tosse tosse
Tosse tosse.

Contida, latente, desconcertante. Preocupante.

Tosse.

O corpo fraco, a mente perturbada.

Paranóia?

Tosse.
Tosse tosse.

Dor, muita dor.

Tosse tosse tosse.

Dor. Dor vermelha.

Vermelho, tudo vermelho.

Sujo.

Tosse.

Tosse tosse tosse tosse
tosse tosse tosse tos-

-mais vermelho.

O corpo cada vez mais fraco, a mente conformada.

Tosse tosse tosse.

Um mantra.

(Morte, morte, morte.)

O corpo quente ao entardecer, calafrios.

Delírios, sono perturbado.

Tosse tosse.

(Só mais um pouco)

Tosse tosse tosse tosse.

(Já vai acabar)

Tosse tosse tosse tosse tosse
Tosse tosse tosse tosse
Tosse tosse tosse
Tosse tosse tosse
Tosse tosse
tosse
tosse
tosse

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Patriotismo.

Gosto de meu país; não o amo,
mas sinto uma espécie de simpatia por ele, sim.
Não o amo, porque ele não me permite amá-lo.
Tantas são as decepções, os desgostos, que simplesmente não posso amá-lo.
Mas gosto.
Gosto de meu país.